viernes, 2 de noviembre de 2012

1972 - CAETANO E CHICO juntos e ao vivo


“Este foi tudo rápido. A idéia foi de um cara, Roni, dono de uma loja de discos em Salvador onde a Gal Costa trabalhava como vendedora. Ele arranjou tudo. Aí eu disse para o Chico que ele deveria cantar "Com açúcar e com afeto", que era uma coisa de mulher. Ele disse que tinha uma melhor, uma história homossexual de duas mulheres e cada um faria uma, "Bárbara". Tem uma obra prima, "Deus Dará", um sucesso nacional. Tem "Você não entende Nada" junto com "Cotidiano", que ficou lindo. O disco fez o maior sucesso.”

[Caetano Veloso, 16/5/1991]

























 


Revista POP - Diciembre 1972



1972
Álbum "CAETANO E CHICO juntos e ao vivo"
Gravado ao vivo no Teatro Castro Alves / Salvador, Bahia nos dias 10 e 11 de novembro de 1972.
Phonogram / Philips LP 6349 059 / CD 812.522-2 [1988]


Dirección de producción: Roni Berbert / Guilherme Araújo

Dirección de estudio: Sérgio M. de Carvalho
 

Lado A
1. BOM CONSELHO (Chico Buarque) Chico Buarque
2. PARTIDO ALTO (Chico Buarque) Caetano Veloso
3. TROPICÁLIA (Caetano Veloso) Caetano Veloso
4. MORENA DOS OLHOS D'ÁGUA (Chico Buarque) Caetano Veloso
5. RITA (Chico Buarque) / ESSE CARA (Caetano Veloso) Caetano Veloso
6. ATRÁS DA PORTA (Chico Buarque/Francis Hime) Chico Buarque

Lado B
1. VOCÊ NÃO ENTENDE NADA (Caetano Veloso) / COTIDIANO (Chico Buarque) Chico Buarque e Caetano Veloso
2. BÁRBARA (Chico Buarque/Ruy Guerra) Chico Buarque e Caetano Veloso
3. ANA DE AMSTERDAM (Chico Buarque/Ruy Guerra) Chico Buarque
4. JANELAS ABERTAS nº 2 (Caetano Veloso) Chico Buarque
5. OS ARGONAUTAS (Caetano Veloso) Caetano Veloso



Músicos participantes:
Participación especial: MPB-4

Tuzé de Abreu: flauta
Moacir Albuquerque: bajo
Perinho Albuquerque: guitarra
Tuti Moreno: batería
Bira: percusión
Perna Fróes: piano
Jurandir
Ronaldo






1972
Álbum “CAETANO E CHICO – juntos e ao vivo”
Gravado ao vivo no Teatro Castro Alves / Salvador, Bahia nos dias 10 e 11 de novembro de 1972.
Philips LP 6349 059. [Portugal]



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1972 - Praia do Buraquinho, Bahia

1972 - Praia do Buraquinho, Bahia

1972 - Praia do Buraquinho, Bahia









 
 
 
 










14/1/1973

Estado do Paraná - Almanaque

Lançamento

Texto de Aramis Millarch


“… E quando surgiu, nos dias 10 e 11 de novembro último a possibilidade de perpetuar fonograficamente o histórico encontro no palco do teatro Castro Alves, em Salvador dos dois mais famosos nomes de seu elenco - Chico Buarque e Caetano Velloso - a Phonogram/Philips não teve dúvidas: deslocou para a Bahia uma boa equipe de técnicos e registrou em fita as varias horas dos dois únicos shows "primeiros e únicos", em que mais de 5 mil espectadores deliraram com a presença de dois ídolos de nossa MPB no palco. Do material colhido, Roni Berbet e Guilherme Araújo, mais o assessoramento (nos bastidores) dos big-shots da Phonogram, selecionaram 36.20minutos para o lp, que uma semana antes do Natal foi colocado nas lojas - e com isto subindo aos primeiros lugares nas listas dos mais vendidos. O critério que a produção seguiu na edição do lp, foi de mostrar Chico apresentando suas músicas ainda não gravadas ou interpretadas as canções de Caetano e vice-versa. Afinal, não teria sentido mostrar Chico e Caetano interpretando músicas anteriormente gravadas, inclusive em discos de melhor qualidade técnica. Falou-se muito em censura de algumas músicas em desperdício dos melhores momentos do "show". Difícil analisar, já que não estivemos (infelizmente) no Teatro Castro Alves, ao menos como um documento de nossa MPB - em um momento importante - este disco tem o seu valor. Achamos, particularmente, que a Phonogram poderia ter aproveitado maior material, com a produção de um álbum duplo, capa com melhor apresentação/informação. Entretanto, razões econômicas - um disco destinado a se constitui numa opção de presente - levaram a produção desta formula mais econômica. Chico Buarque abre o show/disco com sua criação "Bom Conselho" e no lado A, encerra com "Atrás da Porta"- para nós uma das músicas mais bonitas do ano. No lado B junto com Caetano, interpreta "Você Não Entende de Nada" (Cae), "Cotidiano" e "Barbara" (Caetano). Sozinho interpreta uma nova composição - "Ana de Amsterdam" e "Janelas Abertas nº 2"(Caetano). Caetano, sozinho, canta, "Partindo Alto" (Chico), na face A e "Os Argonautas", na face B. São momentos de grande musicalidade, em que os interpretes- compositores mostram-se a vontade, acompanhados por um excelente grupo de músicos entre os quais Jurandir, Renato, Tuze, Moacir, Perinho, Tuti, Bira (percussão) e o pianista Perna. Se restrições podem ser feitas a Caetano e Chico/Juntos e ao Vivo (Philips, 6309059), dez./72) elas devem ser neutralizadas pela sua importância histórica. Afinal dos 100 milhões de brasileiros, apenas 5 mil puderam assistir ao histórico e inesquecível concerto. MPB de dois de nossos melhores criadores jovens. E com este álbum, todos que curtem a nossa boa música poderão sentir como a coisa aconteceu.
Um disco que vale os Cr$ 25.00 que custa. ...”





12/9/2012

FOLHA DE S. PAULO

Disco de Chico e Caetano com trechos censurados pode ser relançado na íntegra

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Não houve acordo. Quando, em 1972, Roberto Menescal, então produtor da gravadora Philips, apresentou ao departamento de censura o áudio dos shows que Caetano Veloso e Chico Buarque fizeram juntos, dias antes, na Bahia, ouviu a ordem: essa, essa e essa palavra estão proibidas e têm de ser trocadas.

Como fariam para trocar palavras em um material gravado ao vivo? Problema deles. Com elas, as canções não poderiam constar do disco.
Menescal teve a ideia. Encobrir as "proibidonas", enxertando, em estúdio, palmas e gritos histéricos da plateia.
Funcionou. O disco foi liberado. Mas, até hoje, 40 anos depois, essa é a única versão disponível no mercado do clássico álbum "Caetano e Chico - Juntos e ao Vivo".

A Folha teve acesso ao material não adulterado da apresentação --que inclui números completamente inéditos.

Chico e Caetano

Sozinho, Chico cantava muita coisa da trilha sonora do filme "Quando o Carnaval Chegar", como "Baioque", "Mambembe" e "Caçada".
E explicava, depois de cantar "Boi Voador Não Pode", que mostraria uma "série de músicas que estou fazendo para uma peça junto com Ruy Guerra, chamada 'Calabar', que trata da invasão holandesa". O LP com tal repertório só sairia no ano seguinte.

Caetano mostrava as ainda inéditas músicas de "Araçá Azul", seu disco mais experimental até hoje, que também só seria lançado em 1973.
Estão lá versões pré-natais de "Julia/Moreno" e "Gilberto Misterioso" --essa, com citações psicodélicas de "Samba de uma Nota Só" (Tom Jobim/Newton Mendonça) e "Oriente" (Gilberto Gil). E, em improvável dueto com Chico, "Sugar Cane Fields Forever".

A Universal, que detém os diretos sobre o material, afirma que está nos planos da gravadora editá-lo. Mas não há datas acertadas.
As palavras que, aos olhos dos censores, tanto mal poderiam fazer à segurança do país (ou de suas famílias) estavam nas canções de Chico.

"Partido Alto" dizia: "Jesus Cristo ainda me paga, um dia ainda me explica/ Como é que pôs no mundo esta pouca titica". E "titica" não podia.
Em "Atrás da Porta", parceria com Francis Hime, o problema estava nos "pelos" de "E me agarrei nos teus cabelos/ Nos teus pelos/ Teu pijama/ Nos teus pés/ Ao pé da cama". Muito sexualizado.
Escrita com Ruy Guerra, "Bárbara" tinha temática sexual explícita. E a censura achou que isso seria atenuado se a palavra "duas" desaparecesse de "Vamos ceder, enfim, à tentação das nossas bocas cruas/ E mergulhar no poço escuro de nós duas".

"'Sacana', de 'Ana de Amsterdam', também não podia", diz Menescal. "Autorizado pelo Chico, fui ao estúdio e, com minha própria voz, troquei a consoante 's' pela 'b'."

E assim, a tal Ana, que já era "da cama/ Da cana/ Fulana", virou também "bacana".
No mesmo 1972, os Mutantes usaram recurso parecido para encobrir verso censurado de "A Hora e a Vez do Cabelo Crescer".

Mas, em vez de mudar a letra, que dizia "o meu cabelo é verde, amarelo, violeta e transparente", encheram o trecho de ruídos.

"A ideia era mutilar", diz Sérgio Dias. "E mostrar ao público que estava censurada a música que tocávamos ao vivo com a letra certa."








Bahia
Documento da censura descoberto no Rio critica shows de Caetano e Chico
O documento fala de trejeitos e provocação

Publicada em 06/04/2015 14:46:14

Durante a ditadura, era comum os órgãos de segurança enviarem agentes para assistir shows de compositores considerados “subversivos” e depois fazerem um relatório. Isso aconteceu com Chico Buarque de Holanda e Caetano Veloso no show “Encontro”, apresentado no Teatro Castro Alves, em novembro de 1972.

No ofício intitulado “Informação”, o inspetor de Polícia Federal Eduardo Henrique de Almeida encaminhou para o superintendente regional do Departamento de Polícia Federal as informações sobre o show de Chico e Caetano fornecidas pelo coronel Juarez, da Aeronáutica, “que presenciou durante a referida apresentação cenas que feriam a moral das famílias ali presentes, bem como atitudes do Sr. Caetano Veloso que de certa forma indispôs (sic) o público contra as autoridades presentes”.

O ofício foi localizado no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro pela Comissão Estadual da Verdade-Bahia.

“Trejeitos afeminados”

O ofício do inspetor de Polícia Federal Eduardo Henrique de Almeida reproduz as observações feitas pelo coronel Juarez:

“1. Apresentação de Caetano Veloso como um homossexual, pintado de baton e com trejeitos afeminados;

2. Apresentação de uma música “Ana”, de Chico Buarque de Holanda, na qual existem termos imorais – “Sacana”, etc.

3. Apresentação de uma senhora, convidada de Caetano Veloso, que cantou samba de roda, no qual fazia referência aos olhos e os artistas presentes colocavam as mãos nos olhos, boca, idem, as mãos na boca, e finalmente dizia no “lelê, lalá” e os artistas colocavam a mão no sexo;

4. No final do show, Caetano Veloso chamou o público para o palco dizendo que “o teatro é do povo”.
Conforme o relato do coronel Juarez, dezenas de pessoas subiram no palco, colocando a estrutura do mesmo em perigo, e com isso foi necessário a intervenção de bombeiros, os quais foram vaiados após ter Caetano Veloso dito: “É, o teatro não é do povo”.

Diz ainda o ofício: “Quanto a Chico Buarque: postura masculina normal; entretanto, ao final do show cantou “Apesar de Você”, de modo qual gritante, notando-se grande empolgação”.

“Inequívoca provocação”

O chefe da Turma de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal, Augusto de Albuquerque Silva, em ofício enviado ao chefe de Gabinete da Delegacia Regional da Bahia, datado de 13/11/1972, também fala da “visita” ao show de Chico e Caetano, afirmando, ao final:

“Ressalte-se, diante da grave denúncia contida no relatório da Técnica de Censura, o seguinte: no último show apresentado em Salvador (1971) pelo cantor Chico Buarque, que tinha como título “Apesar de você”, foi expressamente o citado compositor notificado por esta TCDP da proibição de cantar a letra de sua autoria, de título acima. Justamente agora, na sua volta à Bahia, ele infringe a proibição da Censura Federal, numa inequívoca provocação”.




23/11/72

DOCUMENTOS REFERIDOS A CAETANO VELOSO e “CHICO” BUARQUE DE HOLANDA
















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