sábado, 2 de febrero de 2013

2007 - TRIBUTO A MÃE MENININHA





Sábado 10 de febrero de 2007

Concha Acústica del Teatro Castro Alves

Salvador, Bahia

Tributo a Mãe Menininha do Gantois

113 años



10/02/2007



Daniela falta, mas Caetano, Bethânia e Gal cantam para Mãe Menininha


 

Com atraso de 40 minutos e sem Daniela Mercury no palco, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Marienne de Castro, Gerônimo e Márcia Short cantaram na noite deste sábado na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, em homenagem aos 113 anos de nascimento de Mãe Menininha do Gantois, que morreu em 1986.
Só o encontro de Caetano, Bethânia e Gal já seria um acontecimento. Atrás, mãe Carmen, filha da ialorixá, outros familiares e seguidores, entre eles Dona Canô, a matricarca da família Veloso, de 99 anos. E atrás deles, um painel do tamanho do palco com uma foto de Mãe Menininha e seu emblemático sorriso.
O grande encontro

O que importava na noite, para o público de 5 mil pessoas que estava na Concha do TCA, era a música, que rendeu homenagens para todos os gostos, especialmente com algumas preciosidades do cancioneiro baiano.

Todos entraram no palco às 18h40. Bethânia foi a primeira a cantar, entoando “Navio Negreiro”, poema de Castro Alves, como prévia de “Yá Yá Massemba”. Sentada na frente da mãe, Bethânia ainda cantaria e veria outras leituras de músicas conhecidas em sua voz, em novas versões interpretadas por Gerônimo, Marienne e Marcia Short.

Caetano dançou, cantou (“Tempo, Tempo, Tempo”, “Lua de São Jorge” e “Milagres do Povo”) e também foi interpretado.

Gerônimo repetiu os sucessos do passado, como “É de Oxum” e “Sou Negão”, além de uma versão com ajuda de Bethânia para “Salve as Folhas”, cuja letra é dele com Ildásio Tavares. Marienne entoou “Abracei o Mar”, entre outras, e pediu a benção a Bethânia, que repetiu o gesto, beijando a mão da cantora que é a mais nova revelação da Bahia.

A noite que era de Mãe Menininha, no entanto, foi de Gal. A cantora foi aplaudida em cena aberta e em pé em todas as suas atuações. Cantou “Força Estranha”, “Luz do Sol” e puxou o coro para “Embala Eu”, que encerraria a noite, não fossem as repetições forçadas pela gravação do DVD.

A atriz Regina Casé permaneceu no palco, sentada ao lado dos cantores, provavelmente no lugar que seria de Daniela. Leu dois textos e justificou sua presença, por também ter conhecido Mãe Menininha e a venerar.







12/02/2007

Louvor à maior sacerdotisa da Bahia

Protagonistas ilustres e espectadores se emocionaram com homenagem à mãe Menininha, anteontem, na Concha

Leonardo Maia

Os raios e as trovoadas da madrugada anterior já anunciavam: a noite de sábado seria de mãe Menininha do Gantois. A chuva torrencial que limpou a cidade deixou reinar um clima agradável, numa noite festiva à altura dos 113 anos de nascimento da sacerdotisa mais famosa da Bahia. Ao fundo do palco transvestido de terreiro, uma mãe Menininha sorridente e grandiosa brilhava num grande painel, satisfeita com a bela homenagem reservada a ela. Na sua frente, mãe Carmem, a família do Gantois e convidados especiais do clã dos Veloso, incluindo a quase centenária dona Canô, assistiam aos filhos-de-santo Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gerônimo, Mariene de Castro e Márcia Short, que entoaram canções de louvor à rainha da noite.

Uma Concha Acústica praticamente lotada testemunhou o sensível tributo, que encerrou, anteontem, ciclo de homenagens à mãe Oxum. O público embevecido entoou as canções ligadas ao universo de Gantois, num repertório coeso e emocionado. Afinal, nem todo dia é possível se deleitar com as vozes abençoadas dos doces bárbaros Bethânia, Caetano e Gal, com a adesão dos mais jovens Gerônimo, Mariene e Márcia Short. Protagonistas e espectadores, os cantores se revezavam nos vocais, numa dança de levanta-e-senta que deu grande naturalidade ao show.

Bethânia sorrindo com as peripécias de um Gerônimo que não parava de se movimentar, cantando hinos como Eu sou negão e É d’Oxum. Márcia Short reverenciando a dama Bethânia, não deixando de pedir a bênção à mãe Carmem, atual ialorixá do Gantois. Aliás, não teve um que não fosse respeitosamente cumprimentá-la. Gal puxando uma coreografia, logo seguida por todos. Gerônimo e Márcia, Caetano e Mariene, como casais que dançavam ao som do samba-enredo Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor da noite, magistralmente cantado por Bethânia. Momentos mágicos e únicos, como se a festa estivesse acontecendo num improvável quintal, longe dos olhos de cinco mil espectadores.

Como não se emocionar com a voz retumbante de Gal, aplaudida de pé após as arrepiantes interpretações das clássicas Luz do sol e Força estranha? Um conforto para os ouvidos. Caetano ao violão, deixando um pouco de lado a nova postura rock’n’roll para fazer uma Oração ao tempo e depois se juntar em dueto com Gal Costa, clamando pelos Milagres do povo. Lua de São Jorge também esteve presente, assim como a inevitável Oração de mãe Menininha, cantada por todos num dos momentos mais emocionantes da noite. Neste ínterim, Regina Casé, Caetano e Bethânia declamando textos de João Ubaldo Ribero e Lya Luft em exaltação à mãe Menininha. Espaço até para Casé, nitidamente enlevada por estar ali, soltar uma frase que puxou gargalhadas da platéia: “Todos esses anos, só o que eu tento é ser baiana também”.

Ao final de uma hora e 30 minutos de música, o público não arredou o pé, insaciável por um bis que teimava em não vir. Não estava na programação, mas como tudo estava sendo registrado para um DVD e CD, tornou-se inevitável a repetição de duas músicas. Algumas indelicadas vaias ainda foram ensaiadas, logo perdoadas, afinal o que a Concha queria era ouvir mais e mais.

Vaias mesmo quem ganhou foi Daniela Mercury, que não apareceu e deixou para um constrangido Marcio Meirelles a tarefa de anunciar que ela não conseguiu chegar a tempo de São Paulo. Mas com a senha de Bethânia para um grand-finale com O que é, o que é?, do saudoso Gonzaguinha, cantada a plenos pulmões pelo público, tudo foi esquecido e o clima emocionado voltou a reinar. Ao fundo do palco, mãe Menininha parecia sorrir ainda mais e todos puderam ir para casa, satisfeitos com uma noite de gala.
 
















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