domingo, 23 de noviembre de 2014

1996 - "FEVEREIRO EM SANTO AMARO"






São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
Folha de S.Paulo

Coluna Joyce Pascowitch


Moisés
Teve estrela mais que local a festa Ternos de Reis, tradicional de Santo Amaro da Purificação, Bahia.


A madrinha dona Canô teve como co-star o filho Caetano Veloso, que surgiu como um dos três Reis Magos.











22 de janeiro de 1996, Brown carrega Caetano Veloso durante o show do grupo Acordes Verdes. Caetano era convidado da banda onde Brown tocou no início da carreira, acompanhando o cantor multi-instrumentista Luiz Caldas - Foto: Claudionor Jr. / Arquivo Correio




















FOLHA DE S. PAULO



17/2/1996 - Carnaval - Moreno Veloso e Luisa Buarque de Holanda sobem a ladeira do Pelourinho para assistirem o bloco Filhos de Gandhi – Foto: Rogério Assis/Folhapress



 


 



19/2/1996 - Paula Lavigne arruma seu turbante antes da saída do Olodum, no Pelourinho - Foto: Rogerio Assis / Folhapress







São Paulo, segunda-feira, 4 de novembro de 1996

Sepultura é MPB distorcida

LÚCIO RIBEIRO
Editor-assistente da Ilustrada

Xô, Alanis Morissette! Depois de abrigar o pop "raivoso" da cantora canadense, o palco paulistano do Olympia será varrido quarta e quinta-feira pela sonzeira sem controle de mais uma atração internacional: a banda brasileira Sepultura.
O grupo "gringo" fecha sua ronda pelo país com a turnê de divulgação do álbum "Roots" na sexta, no Imperator, Rio.
O estrago que o mais recente CD do Sepultura causou nas paradas pelo mundo justifica o título de atração "internacional". Quando "Roots" foi lançado, em fevereiro, foi parar direto no 27º lugar da Billboard, um feito para um disco de "death metal".
Em menos de um mês, a revista européia "Music & Media" soltou uma lista com os CDs mais vendidos no continente. E "Roots", sexto álbum da banda, já abocanhava a segunda posição, desbancando pesos pesados como Michael Jackson e Madonna, atrás apenas do britpop do Oasis.
Na Polônia, ganhou disco de ouro. Na Inglaterra, prata. Na Ásia, mais ouro: Malásia e Indonésia. Nos EUA, as vendas chegam perto de meio milhão de cópias.



* * *
 
Folha - Como você explica para um fã do Sepultura a foto que tem você com a guitarra e o Caetano Veloso ao microfone?


Max Cavalera, Carlinhos Brown e Caetano Veloso


Max Cavalera - Foi um dos momentos mais -como dizer?- engraçados da minha carreira. Estávamos gravando o clipe de "Roots Bloody Roots" na Bahia e fomos ver um ensaio da Timbalada. Numa hora em que estava o Caetano no palco, o Carlinhos Brown me chamou para subir também.
Aí eu pensei: "Ih, fodeu geral! Nem sei tocar essas coisas mais... lentas" (risos).
Eu subi no palco e o guitarrista da Timbalada me deu a guitarra. E eles começaram a tocar uma música e ali não teve jeito de eu sair fora.

Folha - Qual era a música?
Cavalera - Não sei o quê "da lua". Alguma coisa "da lua". O que me salvou foi que a guitarra tinha um pedal wah-wah. Fiquei fazendo barulho a música inteira.
Foi um lance estranho. Estou acostumado a fazer "jam session" com o pessoal do Pantera, do Biohazard, Ratos de Porão. Agora, com o Caetano Veloso... Mas o pedal me salvou, fiquei fazendo a barulheira e até que ficou legal. Razoavelmente passável.

Folha - O caderno "Mais!" em abril dedicou um número ao Sepultura com o título "Raízes do Brasil". As reportagens cravavam que o Sepultura fazia uma síntese musical entre rock e sons tribais, o que levava a banda a fazer parte de um novo conceito de MPB. Para você, o Sepultura é MPB?
Cavalera - É uma coisa difícil de dizer. Achei os textos espetaculares. É bom ver que esse nosso trabalho com índios, com a percussão da Timbalada acabou chamando atenção de pessoas totalmente não-ligadas no mundo do rock. Atraiu a atenção até de professor.
Falar que o Sepultura é MPB... A gente canta em inglês... Só se for uma MPB distorcida. Nós distorcemos também o metal. Quem for ver o show vai ver que o Sepultura é a mesma podreira de sempre.
Muita gente falou que nós fizemos no "Roots" uma batucada para gringo. Para vender nos EUA, na Europa. É estúpido isso. A percussão que foi gravada ali é pesada, gastou muito tempo para fazer. E fizemos porque achamos muito bom o som que o Carlinhos Brown tira com as latarias. E misturar isso com o nosso som foi sensacional.

Folha - O Sepultura no Brasil não deixa de ser uma atração internacional, por tudo o que vocês representam e até pelo nome que vocês têm fora do país. Vocês sentem em algum momento, tocando na Dinamarca, por exemplo, que o Sepultura é uma banda brasileira?
Cavalera - Totalmente. Todo show que a gente faz tem sempre bandeira do Brasil no meio do público. Às vezes nós falamos até em português com a galera. Nunca nos sentimos como uma banda internacional. Ninguém nunca vai ver a gente falando em inglês um com o outro.

Folha - Os shows do Sepultura acontecem só no Rio e em SP. Vocês não estão devendo uma turnê pelo Brasil inteiro para os fãs do Nordeste, do Sul?
Cavalera - O que acontece é que nenhum promotor quer bancar uma turnê do Sepultura pelo Brasil. Estamos esperando por isso há tantos anos que nossa paciência já esgotou. O que vai acabar acontecendo é que vamos tirar dinheiro do próprio bolso para conseguir tocar de norte a sul.

Folha - Em 1997?
Cavalera - A idéia é terminar a turnê do "Roots" no Brasil, no ano que vem, tocando em umas 15 cidades.

Folha - Faz dois anos que vocês não tocam no Brasil. O que se pode esperar dos shows do Olympia e do Imperator?
Cavalera - A banda está atravessando a melhor fase ao vivo de toda a carreira. Além de tocar as músicas velhas misturadas às novas, vamos fazer "jam" com as bandas que abrirão nosso show (Ratos de Porão, em SP -a do Rio não está confirmada). Nós temos tocado desde que o disco foi lançado, e a reação do público e até da crítica tem sido impressionante.

Folha - É verdade que seu filho, o Zyon, de 4 anos, vai tocar bateria em uma música no show?
Cavalera - Vai depender do astral dele no dia. É em "Kaiowas", que tem um arranjo no fim só com bateria, que as bandas que estão com a gente vêm ao palco para tocar junto. É nessa parte que o Zyon toca. E o público delira.



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