lunes, 28 de diciembre de 2015

1997 - 4° PANORAMA PERCUSSIVO MUNDIAL - PercPan 97


Gilberto Gil e Naná Vasconcelos organizam a 4° edição do PercPan (20-21-22/3), em Salvador, com onze participantes de seis paises.





NACIONAIS
Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Jongo da Serrinha, Jorge Ben Jor, Samba de Roda de Cachoeira.




19/3/1997, Caetano Veloso ensaia com violão para o festival em sua casa, em Salvador Foto: Evelson de Freitas / Folhapress


Gilberto Gil e Caetano Veloso tocam violão e ensaiam para o festival na casa de Caetano em Salvador - Foto: Evelson de Freitas / Folhapress

Gilberto Gil, Caetano Veloso e Edith do Prato ensaiam para o festival, na casa de Caetano em Salvador - Foto: Evelson de Freitas/Folhapress


INTERNACIONAIS
Bharata Muni Indonésia, Inti-Illimani Chile, Jared Crawford EUA, Rhythm Explosion Caribean Porto Rico, Rhythmstan Bul Turquia, Savion Glover EUA.


LOCAL Salvador

DIREÇÃO ARTÍSTICA / CURADORIA
Naná Vasconcelos e Gilberto Gil


AS MODERNAS TRADIÇÕES DE UM FESTIVAL
Através de suas oficinas e de encontros inusitados e memoráveis no palco do Teatro Castro Alves, o Panorama Percussivo Mundial (PercPan) nasceu em 1994, extrapolando quaisquer limites regionais – sua gênese foi, é e continuará sendo cosmopolita, adequada ao pensamento contemporâneo que move o homem no limiar de um novo milênio. Com o tempo, solidificou seus objetivos iniciais e, hoje, é um dos eventos musicais brasileiros e internacionais mais significativos, não estando ligado às formas e mecanismos tradicionais do mainstream – a chamada via principal e comercial do mercado da música. Idealizado, desenvolvido e produzido pela socióloga Elisabeth Caires, o PercPan já trouxe ao Brasil mais de 20 atrações de 14 países diferentes, além de reunir músicos nacionais como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Gal Costa, Carlinhos Brown, Olodum, Elza Soares, Marcos Suzano, Timbalada, Armando Marçal e Dona Ivone Lara. Este ano, sob o tema Modernas Tradições, o festival reitera mais uma vez, como afirma Naná Vasconcelos, que a “tradição é a mãe eterna de tudo que a gente pensa” e que “moderno é só o nome de um dos seus filhos”. Ou seja, a modernidade está intrinsicamente ligada às lições do passado. Então, que continuemos a construir essa ponte!














São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997

Salvador abriga "festival de bandeira"
LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite da organização do festival

O 4º Panorama Percussivo Mundial (Percpan) promete unir tradição e modernidade entre os dias 20 e 22 de março, em Salvador.
O festival reunirá 11 atrações de sete países diferentes. O Brasil estará representado por Caetano Veloso, Jorge Ben Jor, Carlinhos Brown, Jongo da Serrinha e Samba de Roda de Cachoeira (BA).

É um "festival de bandeira", como define o cantor Gilberto Gil, que divide a direção artística do evento junto com o percussionista Naná Vasconcelos.
"Em tempos de globalização é importante mostrar a importância da diversidade", disse Gil, para quem o festival tem "um caráter de evento de resistência".
"A maioria dos músicos que vêm para cá vocês nunca ouviram falar. Não tem discos lançados por aqui", disse Naná Vasconcelos.

A principal curiosidade do festival é que os artistas farão apresentações concebidas especialmente para o evento, seguindo sugestão dos diretores do evento.

Carlinhos Brown, por exemplo, mostrará um espetáculo em que junta sons extraídos de vários tipos de canos aos cânticos de rezadeiras nordestinas.
Jorge Ben Jor, que não compareceu à coletiva, como estava previsto, vai exibir o jongo (ancestral do samba).

Dois grupos foram criados especificamente para o Percpan 97, por sugestão de Naná: o Rhytmstan Bul -que agrega alguns dos principais músicos turcos- e o os salseiros porto-riquenhos do Rhythm Explosion Caribean.

Caetano Em férias em Salvador, Caetano Veloso disse no encontro que vai cantar sambas de sua cidade natal, Santo Amaro da Purificação. "Eu não sei tocar nada de percussão, não sei nem batucar numa mesa, mas gosto muito de percussão", disse ele.
Gil e Naná salientaram que o festival tem uma vertente tão importante quanto os shows: os workshops e encontros entre os músicos locais e estrangeiros fora dos palcos. Como o que levou, há dois anos, um grupo cubano de santeria para um terreiro de candomblé de Salvador.

Para eles, um evento desse tipo só poderia ocorrer na Bahia. "A Bahia é um lugar privilegiado para esse festival. Aqui é um tambor da nação", afirmou Gil.
"A Bahia é o coração do Brasil, a África brasileira", completa Naná.

O evento não terá desdobramentos em outras cidades, como chegou a ser aventado inicialmente. "Eu venho tentando, mas não tenho conseguido nada", disse a produtora Beth Cayres.

Gil é contrário à expansão do festival. "Seria fácil dar anabolizantes para ele fazer a musculatura crescer rápido. Mas é preciso preparar o festival para a maratona. O Percpan é um corredor de maratona", disse.
"Faço votos que o Percpan se torne uma referência importante no futuro. Que ele possa se tornar um festival de calendário."



 
 
 
 
 



















São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
 
Gil e Caetano se encontram hoje no Percpan
LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite da organização do festival.

Com o tema "Modernas Tradições", proposto por Naná Vasconcelos e Gilberto Gil, diretores artísticos do festival, o Percpan 97 reúne, de hoje até sábado, 11 atrações de seis países diferentes.
É o quarto ano consecutivo que o evento é realizado, sempre em Salvador. "Há coisas que só podem acontecer na Bahia", justificou Gil em entrevista sobre o festival.
Embora não estivesse previsto no programa, Gilberto Gil dará uma canja na apresentação de Caetano Veloso.

Também estava prevista a participação do Drummers of Burundi. Sua vinda foi cancelada em cima da hora, pois os conflitos étnicos entre hutus e tutsis nessa região da África Central impediram a saída do grupo do país.
Os aeroportos e estradas do Burundi estão interditados e os empresários do conjunto na Europa estão tendo dificuldades de se comunicar com o grupo, que vive em uma região montanhosa.

O Percpan 97 abre hoje com Naná, Brown, Bharata Muni, Inti Illimani, Caetano, Edith do Prato e Samba de Roda de Cachoeira.

Além dos espetáculos, o festival realiza oficinas em que os grupos mostram seus instrumentos e explicam as origens e significados deles e de sua música.

O Percpan também promove encontros dos músicos estrangeiros com grupos e artistas locais em jam sessions.

Estão previstos o encontro de Savion Glover com um grupo de capoeira de Angola, do Bharata Muni com o Ilê Axé Opô Afonjá, do Inti Illimani com o Muzenza e do Rhythstan Bul com o Afoxé Filhos de Gandhi. O Rhythm Explosion se encontra com Samba de Roda e os músicos Paulinho Camafeu, Ari Gil e Chocolate.

ENSAIOS
Na terça-feira à noite, Caetano fez o primeiro ensaio para sua apresentação no festival.
Ele recebeu em sua casa, em Salvador, os dois diretores artísticos do festival, Naná Vasconcelos e Gilberto Gil, e a percussionista Edith de Oliveira Nogueira, a Edith do Prato, que tocou e cantou no disco "Araçá Azul", de Caetano, em 1973.

Os quatro ensaiaram juntos as três músicas previstas para a apresentação de Caetano hoje à noite: "Minha Voz, Minha Vida", "Beleza Pura" e "Boas Vindas" (que foi composta pelo cantor em homenagem a seu filho Zeca, que estava para nascer).



 

 
 



 
São Paulo, sábado, 22 de março de 1997

Carlinhos Brown teatraliza percussão
LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O jornalista Luiz Antônio Ryff viaja a convite da organização do festival.

Vestido de cangaceiro, lendo trechos de Antonio Conselheiro, espalhando folhas secas pelo palco e usando fumaça, Carlinhos Brown fez uma performance para lá de teatral no encerramento da noite de abertura do Percpan 97.
Sua apresentação foi uma homenagem a Canudos. Com canos de PVC, tonéis de plástico e outros instrumentos parecidos, Brown e mais seis percussionistas simulavam barulho de canhão, tiros de fuzil e metralhadora.
A performance contou ainda com duas rezadeiras, um violonista e seu Vavá -pai da cantora Daúde-, que tocou saxofone de óculos escuros e cueca branca com notas de dinheiro na cintura.
Reunindo o resto dos convidados no palco, Brown fechou a noite do festival com todos os participantes dançando juntos.
Com 3h45 de duração, quase o dobro do esperado, o espetáculo acabou cansando a platéia.
Na segunda metade da apresentação de Carlinhos Brown, o público começou a deixar o teatro Castro Alves, onde o festival acontece.
Apenas Caetano Veloso cumpriu o tempo determinado previamente. Ficou apenas cerca de 20 minutos no palco.
O mais aplaudido da noite, Caetano foi recebido no palco por Edith do Prato.
Cantou "Minha Voz, Minha Vida" com Edith, que deu o acompanhamento rítmico raspando sua faca na louça.
Gilberto Gil, no violão, e Naná Vasconcelos, no djembé (tambor africano), se juntaram aos dois para interpretarem "Boas Vindas".
Mas o público vibrou mais com Gil e Caetano cantando "Beleza Pura" acompanhados de sete meninas da banda Didá.
Hoje, dia de encerramento do Percpan 97, todos os participantes estarão presentes.
Também está prevista a participação do norte-americano Savion Glover, que não chegou a tempo de se apresentar ontem à noite.


 



 







 






Carlinhos Brown, Naná Vasconcelos e Gilberto Gil






















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