viernes, 15 de julio de 2016

1968 - AS ROUPAS DO TROPICALISMO














CAETANO VELOSO / JAIR RODRIGUES / CHICO BUARQUE DE HOLANDA / WILSON SIMONAL




CAETANO VELOSO / TOM JOBIM / EDU LOBO / MARCOS VALE


 
 


























 








 






1969
Revista Manchete
21 de junho de 1969
n° 896
















 
1969
Revista Romântica 
Ano IX – n° 100
Agosto


REGINA HELENA / REGINA BONI
 



 













"
. . .


Como começou a história da Ao Dromedário Elegante? Primeiro eu me juntei ao grupo tropicalista. Eu era uma pessoa muito politizada e nunca tinha me imaginado fazendo roupa, meu negócio era política, sociologia, filosofia. Um dia eu estava na casa do Caetano [Veloso] em uma discussão, e disse que a roupa que ele tinha usado na apresentação de Alegria, alegría no festival era muito careta e não correspondia à linguagem dele. Era muito conservador. A gente começou a conversar sobre roupa e a Dedé [Gadelha] disse que eu seria a nova figurinista do grupo. Eu falei “mas eu nunca peguei em um lápis, não sei nem costurar”. Ela insistiu na ideia e eu comecei a desenhar as roupas, minha mãe que costurava – ela era formada em Paris, uma fantástica costureira.

Mas até então você nunca tinha desenhado roupa? Nunca. Minha primeira roupa foi para a Gal [Costa], quando ela foi defender uma música do Caetano na Globo, em um festival não desses importantes. E tinha um problema naquele tempo que dava um defeito nas câmeras, fazendo tudo que era brilhante ficar luminoso na transmissão. Aí eu perguntei: Boni, se eu colocar uma roupa toda rodeada de strass, quando a Gal se mexer vai fazer um auê?. Ele disse que sim. Então eu fiz um vestido azul que era todo bordado com strass. Quando a Gal cantou, mesmo fazendo poucos gestos, eles formavam um círculo de luz. Foi super legal.

E como foi consolidada a marca? A gente começou a lidar com as emoções do público. Eu estava tentando dar pro Caetano, pra Gal e pro Gil a imagem do que eles falavam. A gente convive socialmente sempre vestido e a roupa é muito o que você quer ser e o que você quer dizer no grupo em que está. É algo que se distingue muito fácil. Então a gente começou a criar situações em que a roupa dava mais força para a linguagem eles estavam cantando. Conseguimos dominar as reações do público e o Caetano disse que precisávamos testar isso com pessoas que não faziam parte da plateia dos shows. Comecei a fazer uma pesquisa em bazares da periferia da cidade e comprava todo o estoque antigo deles – vinha tecido que não existia mais, fios que não existiam mais etc. Era tudo coisa de 1920 pra cá que eu comprava e criei um acervo de informações. Era também o tempo da revolução sexual e o trabalho que eu fazia era muito sensual e libertário, as roupas eram muito curtas, os tecidos eram moles, o corte tirava o sutiã (que na época era uma armação dura e pontuda). Isso vinha muito de encontro à ansiedade da época: derrubar a Tradição Família e Propriedade e toda essa conjugação social. Era o visual que as pessoas estavam procurando, por isso foi um sucesso.


Quem mais você vestiu, além do Caetano, da Gal e do Gil? Os Mutantes, o pessoal da Jovem Guarda, fiz o figurino do filme Diamante Cor de Rosa, fiz Chiclete com Banana no Teatro Arena, fiz figurino para um filme do Antunes Filho, fiz Jesus Cristo Super Star, figurino infantil também... "



[27/5/2014, Regina Boni, Revista Tpm]




















No hay comentarios:

Publicar un comentario